Vasto lago de sangue o mar parece;
Relâmpagos mil chovem, mil se apagam;
Raios dardeja o céu enfurecido,
E os vermelhos coriscos no ar se cruzam,
Como cipós que os bosques emaranham,
Ou qual num rio amontoadas serpes,
Curvilíneas se enlaçam, sobem, descem.
Oh meu Deus! Oh meu Deus, teus olhos volve
Sobre os filhos dos homens.
É verdade, Senhor, eles ingratos
No tempo da bonança se esqueciam
Da tua onipotência;
Ousamos, ímpios, profanar teu nome;
Mas piedade, Senhor, hoje invocamos.
Como filhos rebeldes,
Que os sãos conselhos paternais desprezam,
Zombam mesmo dos pais, e de delírio
Em delírio à desgraça se encaminham;
E quando já no poço da miséria
Lhes brada a consciência,
Então os pais invocam;