ENTRE os autores clássicos, Platão é o segundo em importância apenas para Homero, se é que até para ele. Chamar o fundador da Academia de chefe dos filósofos antigos ou modernos é uma afirmação muito inadequada e até, em um aspecto importante, enganosa. Embora em guerra com muitas das tendências morais mais fortes de sua raça e época, ele era, no entanto, um grego, um ateniense, até o âmago. Ou seja, ele era um artista, com os olhos bem abertos para toda beleza em cores, formas e movimentos. Os atenienses viram, como talvez nenhum povo dos últimos tempos tenha visto, o glorioso encanto do universo, da vida, do homem. O variado cortejo da existência terrena não os esmoreceu. Somente depois de um ou dois séculos de escravidão provincial é que o grito de Menandro é ouvido:
“Aquele homem que considero o mais feliz, Parmeno,
Quem, depois de ter visto os esplendores aqui,
Partiu rapidamente para lá de onde veio”
Certamente, há uma veia de reclamação ocasional nos poetas helênicos, como, de fato, em todos os homens pensativos, apenas o suficiente para mostrar que eles viram, também, o pathos da vida. Na “Apologia” platônica, Sócrates declara que a morte, mesmo que seja apenas um sono sem sonhos, ainda é um ganho, pois há poucos dias ou noites em uma longa vida que um homem sábio possa recordar que foram tão felizes quanto a noite em que ele dormia quase inconsciente. Mas é dos lábios do Aquiles homérico, despojado e consciente da destruição iminente, do poeta octogenário de um Édipo desgastado pelo mundo, ou de um Sócrates já no limiar da velhice, extenuante para reconciliar-se e aos seus com o inevitável, que tais enunciados caiam.
Para Píndaro e para os incontáveis poetas líricos menores, para os Três Trágicos e seus rivais esquecidos, assim como para Homero, a vida, e especialmente a juventude e a idade adulta, parecia muito mais justa do que