mente, de um e de outro lado. Até da casa do General vieram moças á janella! Que era? Um batalhão? Um incêndio? Nada disto: o Major Quaresma, de cabeça baixa, com pequenos passos de boi de carro, subia a rua, tendo debaixo do braço um violão impudico.
E’ verdade que a guitarra vinha decentemente embrulhada em papel, mas o vestuário não lhe escondia inteiramente as fórmas. A’ vista de tão escandaloso facto, a consideração e o respeito que o major Polycarpo Quaresma merecia nos arredores de sua casa, diminuíram um pouco. Estava perdido, maluco, diziam. Elle, porém, continuou serenamente nos seus estudos, mesmo porque não percebeu essa diminuição.
Quaresma era um homem pequeno, magro, que usava pince-noz, olhava sempre baixo, mas, quando fixava alguém ou alguma cousa, os seus olhos tomavam, por detraz das lentes, um forte brilho de penetração, e era como se elle quizesse ir á alma da pejssoa ou da cousa que fixava.
Comtudo, sempre os trazia baixo, como se se guiasse pela ponta do cavaignac que lhe enfeitava o queixo. Vestia-se sempre de fraque, preto, azul, ou de cinza, de panno listrado, mas sempre de fraque, e era raro que não se cobrisse com uma cartola de abas curtas e muito alta, feita segundo um figurino antigo de que elle sabia com precisão a epocha.
Quando entrou em casa, naquelle dia, foi a irmã quem lhe abriu a porta, perguntando:
— Janta já?
— Ainda não. Espere um pouco o Ricardo que vem jantar hoje comnosco.
— Polycarpo, você precisa tomar juizo. Um homem de idade, com posição, respeitável, como você é, andar mettido com esse seresteiro, um quasi capadocio — não é bonito!
O major descançou o chapéo de sól — um antigo