se esforçava por embelezar a mesa do centro e fazer gracioso todo o aposento.
Prontificou-se em abrir a porta envidraçada e logo encontrou um casal de aparência estrangeira. Sem mais preâmbulos, o cavalheiro foi dizendo com voz breve e de comando:
— Mim quer quarto.
Percebeu Mme. Barbosa que lidava com ingleses e, com essa descoberta, muito se alegrou porque, como todos nós, ela tinha também a imprecisa e parva admiração que os ingleses, com a sua arrogância e língua pouco compreendida, souberam nos inspirar. De resto, os ingleses têm fama de dispor de muito dinheiro e ganhem duzentos, trezentos, quinhentos mil-réis por mês, todos nós logo os supomos dispondo dos milhões dos Rothschilds.
Mme. Barbosa alegrou-se, portanto, com a distinção social de tais hóspedes e com a perspectiva dos extraordinários lucros, que certamente lhe daria a riqueza deles. Apressou-se em ir pessoalmente mostrar a tão nobres personagens os cômodos que havia vagos.
Subiram ao primeiro andar e a dona da pensão apresentou com os maiores gabos um amplo quarto com vista para a entrada da baía - um rasgão na tela mutável do oceano infinito.
— Creio que servirá este. Aqui morou o doutor Elesbão, deputado por Sergipe. Conhecem?
— Oh, não, fez o inglês, secamente.
— Mando pôr uma cama de casal...
Ia continuando Mme. Barbosa, quando o cidadão britânico interrompeu-a, como se estivesse zangado:
— Oh! Mim não é casada. Miss aqui, meu sobrinha.
A miss por aí baixou os olhos cheios de candura e inocência; Mme. Barbosa arrependeu-se da culpa que não tinha, e desculpou-se:
— Perdoe-me... Não sabia...
E ajuntou logo: