Voltando à sala, o guarda reiterou as ordens do auxiliar, contando também que o louco estava em Manaus. Se o próprio Silly não o mandava buscar, elucidou o guarda, era porque competia a Cunsono deter o “homem”, porquanto a sua delegacia tinha costas do oceano e de Manaus se vinha por mar.
— É muito longe, objetou o delegado.
O guarda teve o cuidado de explicar que Silly já vira a distância no mapa e era bem reduzida: obra de palmo e meio. Cunsono perguntou ainda:
— Qual a profissão do “homem”?
— É empregado da delegacia fiscal.
— Tem pai?
— Tem.
Pensou o delegado que competia ao pai o pedido de internação, mas o guarda adivinhou-lhe o pensamento e afirmou:
— Eu o conheço muito e meu primo é cunhado dele.
Estava já Cunsono irritado com as objeções do escrivão e desejava servir a Silly, tanto mais que o caso desafiava a sua competência policial. A lei era ele; e mandou fazer o expediente.
Após o que, tratou Cunsono de ultimar o enlace de Melaço e Jati, por intermédio do casamento da filha do Sambabaia. Tudo ficou assentado da melhor forma; e, em pequena hora, voltava o delegado para as ruas onde não policiava, satisfeito consigo mesmo e com a sua tríplice obra, pois não convém esquecer a sua caridosa intervenção no caso do louco de Manaus.
Tomava a condução que o devia trazer à cidade, quando a lembrança do meio de transporte do dementado lhe foi presente. Ao guarda civil, ao representante de Silly na zona, perguntou por esse instante:
— Como há de vir o “sujeito”?
O guarda, sem atender diretamente à pergunta, disse:
— É... É, doutor; ele está muito furioso.