canto, sobre um móvel, sobre outro, tudo farejando com desconfiança.
Felícia saía ao quintal para espanar os quadros, ia e vinha opondo-se a que a ama carregasse pesos. "Que ela não podia; deixasse." E, ligeira, ia adiantando o serviço. Dona Júlia, d'olhos no chão, recolhia, catava pequeninas coisas - um laço de fita, uma madeixa ruça, um cromo: eram lembranças da filha. Pobre Violante! Se ela ali estivesse, que alegria!
Com o trabalho não deram pelo cerrar da noite e foi Felícia quem disse:
— Parece que nhonhô não vem hoje jantar...
— É verdade! - exclamou a velha surpreendida, com os olhos no relógio.
Eram quase sete horas; escurecia; já andavam a acender os lampiões. Impressionada ficou algum tempo a olhar os ponteiros e foi ainda a negra quem interrompeu o silêncio, acendendo o gás:
— Quem sabe se ele não encontrou Nhá Violante, sinhá?
— Hem?!
— Ele que não vem até agora...
— É!... E o compadre foi também. Quem sabe se andam juntos?! Ah meu Deus!... Se eles entrassem agora com ela? Mas qual! não tenho esperança. Andam por aí quebrando a cabeça, coitados! Se ela pudesse de vir já tinha vindo. Enfim... há de ser o que Deus quiser.
— A Deus nada impossível, minh'ama; - consolou