— Já não sei andar. Se eu saísse sozinha perdia-me por aí. Por onde é? Que sol, Paulo! Isto faz mal. Estou tonta - parece que sai fogo das pedras.
Abriu a sombrinha e convidou o filho. - Chega para nós dois.
— Não, mamãe; eu estou acostumado. Não se incomode comigo.
Ela voltava-se de quando em quando, assustada, como se houvesse ouvido rodar de carros.
— Aquilo ali é o Passeio Público, não é?
— É sim, senhora.
A velha suspirou fundamente.
— Quando vocês eram pequenos, vínhamos quase todos os domingos aqui, com o velho. - E ficou a olhar saudosamente o arvoredo.
— Mas acho isto mais largo...
— Sim, senhora: é que foi aproveitada uma parte do terreno do Convento.
— Logo vi.
Tudo lhe causava admiração: os bondes, em tandem, os carros, os prédios novos. Diante do mar não se pôde conter: parou, lançando os olhos livremente pelas águas que faiscavam; dando, porém, com a Igreja do Outeiro, tremeram-lhe os lábios numa prece. E confessou que estava mais contente porque tinha aquela alegria ante os olhos.
— E os meus santos! - exclamou de repente, estacando.
— A senhora não os arrumou?
— Sim, mas com os balanços da carroça...