e, como a velha cabrocha se aproximasse, batendo com o cajado, chamou-a e, apresentando-a, disse:
— Olhe, minha senhora, esta criatura que aqui está demonstra, à evidência, a verdade da nossa crença. Eu sei que por aí assoalham que vivemos a explorar a ignorância dos ingênuos, entretanto, quando apresentamos provas, riem com ironia porque não podem refutar a verdade dos fatos. Aqui está uma. - Dirigindo-se, então, à cabrocha, perguntou: Para que é que você vem buscar esta água?
A interpelada, como se não quisesse confessar a sua crença em presença de uma estranha, respondeu secamente:
— Porque venho!
— E porque tem sentido melhoras, não?
— Apois... se eu não sentisse não vinha.
Mas a língua desatou-se-lhe, gárrula, e contou toda a história da sua moléstia: Três meses entrevada numa cama, gemendo, sem uma ora de alívio, até que uma conhecida lhe deu uma garrafa daquela água. Foi pronto beber que logo começou a melhorar, como por milagre. Ao cabo de quinze dias estava outra: andando, trabalhando. Mostrou a garrafa e, avaramente, guardou-a, de novo, debaixo do xale roto.
— Eu também não acreditava, minha dona, nem queria saber dessas coisas, mas vi! Não foi coisa contada, foi comigo. Estou assim. - Levantou a saia e mostrou o pé hediondamente deformado pela elefantíase,