Felícia, atenta, d'olhos na mesa, mal respirava e a mocinha, nervosa, irrequieta, agitava-se na cadeira, esfregava as mãos, estalava os dedos, com visível ansiedade; por vezes, toda ela estremecia, a cabeça tombava-lhe para as costas, os olhos ficavam esgazeados, como em espasmo.
Dona Júlia começava a sentir a fascinação comunicativa daquele bando de alucinados. Voltando a cabeça, encontrava os olhos de uma mulher imóveis, de um brilho vítreo, ou via uma negra cabisbaixa, araviando às surdas.
De repente um homem gemeu num arranco: "Não posso! Jesus, meu Senhor...!" e continuou murmurando, a bater no peito às punhadas. O ambiente tornava-se abafadiço, com um calor de rescaldo tresandando a suor e a morrinha.
— Minh'ama está vendo?
— Estou.
O homem continuava resmoneando. O seu hálito quente chegava em bafos à nuca de Dona Júlia, e a sua murmuração punha um zumbido constante na sala. Ao fundo, a criança da coqueluche rompeu a tossir, e houve um ci ci de acalento, até que o apóstolo anunciou:
— Está aberta a sessão.
Os crentes acomodaram-se e o velho, com pronunciado acento espanhol, dirigiu um apelo aos irmãos, que se achassem dispostos para o trabalho.
De um canto levantou-se um homenzinho magro, lívido, d'olhos fundos, a barba crescida, vestido