lhe os braços ao pescoço e, mesmo de costas, a mulata derreou a cabeça e as bocas ficaram coladas num beijo muito longo. De repente apartaram-se: ela fugiu surdamente pelo corredor, ele foi ficar à porta, olhando as lavadeiras que, ao longe, com as saias arregaçadas, mostrando as pernas fortes, estendiam a roupa nos coradouros ou em cordas que vergavam.
Um sino soava gravemente ao longe e, percorrendo a estalagem, ao vivo sol, um homem com uma caixa à cabeça, pintada a listas de várias cores, soprava uma cometa fanhosa.
— Pronto! - exclamou o mulato saindo do quarto com umas calças de brim e uma lustrosa camisa de chita. Enrolava um cigarro e, chegando-se muito ao estudante, sussurrou:
— Nhozinho tem aí uma de cinco que me empreste até amanhã? É só até amanhã.
Paulo não teve ânimo de negar - meteu a mão no bolso, escolheu uma cédula e entregou-a ao mulato.
— E só até amanhã, nhozinho.
— Ora...
— Vosmecê não quis aparecer mais em casa do Cordeiro? Desconfiou com o trombone? Pois olhe: Eu, noutro dia, fiz um estrupício doido no pequeno. E estava só dizendo: Ah! se nhozinho estivesse aqui chamava uma cobreira grossa desses manos.
Depois do café saíram. Paulo, porém, para livrar-se do mulato, despediu-se ao portão, tomando um bonde.