Não, aquilo não podia continuar. O melhor era tomar um cômodo ali perto, na Lapa; o mulato que se arranjasse! e riu, antegozando a vitória daquela traição. Demais, Ritinha já lhe havia confessado que não gostava de Mamede - vivia com ele por viver; era um bruto, principalmente quando bebia. Às vezes entrava em casa cambaleando, nojento. E eram sempre amofinações, desassossego, vergonhas: gente à porta a reclamar dinheiro, ameaças de denúncias, rusgas com os vizinhos, um inferno! Não era homem para ela.
Voltou-se na cama, com um travesseiro entre os braços, fechou os olhos e ficou a balançar a perna, gozando a tepidez dos lençóis. Como seria feliz se ela ali estivesse, muito chegada ao seu corpo, enlaçando-o com os braços, excitando-o com a umidade quente da sua boca, falando-lhe baixinho, em arrulho amoroso, toda dele, nua e insaciável, fazendo-se pequenina, mimosa, para que ele a levantasse, beijasse, despertando-a do torpor lúbrico em que ficava, com um sorriso parado, olhos enlanguescidos, os braços abertos e abandonados, os peitos empinados, rígidos de sensualidade.
O mar estourava d'encontro às pedras do cais, e, de quando em quando, com um rumor que crescia e morria, tiniam campainhas de bondes.
Adormeceu por fim e teve sonhos bizarros. Acordou, de repente, pensando em ladrões. Abriu