lhe ao peito a cabeça, cujos cabelos brancos, desfeitos, esvoaçavam e, numa queixa dorida, entrecortada, pôs-se a dizer: "Que nunca esperara aquilo de uma menina que ela criara com tantos sacrifícios, privando-se de tudo para que nada lhe faltasse, trabalhando como uma moura para poder satisfazer os seus caprichos de moça. Ah! nunca esperara tamanha ingratidão!"
— Mas como foi? perguntou Paulo, sentando-se numa cadeira próxima.
— Não sei, meu filho, não sei. Eu estava deitada, passara pelo sono, um pouco aliviada, depois do curativo. Acordei de repente com uma dor muito viva, umas alfinetadas que me subiam até o peito, como se me estivessem picando. Quis levantar-me para ir buscar a pomada, que estava em cima da cômoda, não pude: as dores eram muitas, tolhiam-me. Foi, então, que cheguei à parede e bati, como sempre fazia. Bati, bati, chamei, e tão alto, que Felícia ouviu na cozinha, e veio correndo, coitada! saber se eu queria alguma coisa.
"Ah! meu filho! Eu estava adivinhando, o coração dizia-me que havia acontecido alguma coisa. Antes de cuidar de mim, mandei Felícia ao quarto de Violante. Não sei como não morri quando a rapariga voltou espantada, dizendo que tua irmã não estava lá. Não sei como não morri. Foi Deus que não quis. Fiquei sufocada, com um bolo no peito, como se o meu coração fosse rebentar, e, nem sei como, saltei da