banca - faria jogo mais ousado, longe do Aurélio, que o encaiporava, sempre a dar-lhe conselhos, a discutir, a comentar-lhe as paradas, sapeando, com os cotovelos fincados na mesa, o rosto esmagado entre as mãos lívidas. Foi à buvette, engoliu sofregamente um grog, receoso de perder a primeira bola.
Os pontos fumavam, beberricavam apressados cognacs, todos ansiosos. O próprio Junqueira que, entre uma e outra banca, costumava estirar-se um pouco na chaise longue, saboreando o seu whisky a pequenos goles, deixou-se ficar na sala da roleta, olhos no tapete, como a querer sondá-lo, penetrar a razão da sua longa e pertinaz desfortuna.
Messias continuava a bancar - lá estava repoltreado, pilheriando.
Já os ficheiros iam e vinham, açodados, deixando coleções aqui, ali. Um ar turvo, denso, tresandando acremente a fumo, pesava na sala. Paulo rejeitou as "pérolas", preferiu as sangue de boi. A sua primeira parada foi de um arrojo atrevido. Aurélio aplaudiu com entusiasmo:
— Assim, homem. Assim é que se joga. Nada de piabagem. Ele implorou:
— Pelo amor de Deus! não fales.
Narciso, injuriando o zero, cercava o 17. Mas quando a bola começou a saltar nas baias, não se conteve e, num arranque, esmurrou o seu azar com seis fichas. Deu o 36. Aurélio saltou na cadeira de olhos esbugalhados,