os olhares encontraram-se. Era alta, robusta, loura, dum louro claro e quente que fulgurava. Esteve para chamá-la, oferecer-lhe qualquer coisa, tomar-lhe a noite. Mas a mulher passou, indolente, deixando na ar a toada suavíssima dum doce canto, uma canção do seu país, talvez.
Não se resolvia, indeciso, hesitando entre recolher-se a casa e ficar na cidade, pernoitando em companhia duma daquelas andejas que enxameavam o jardim, imiscuindo-se nos grupos, sentindo o fim da noite vazia.
Passavam rindo, chalrando, d'olhos aguçados, à caça de homens, procurando ajoujar-se a qualquer; umas, desenxabidas, desanimadas, outras trêfegas, de uma alegria canalha, empurrando-se, travando dos braços dos rapazes, fazendo voltas de dança ao estridor clangoroso das metais da banda, encostando-se às mesas, reclamando bebidas, propondo ceias, ou evitando, às rabanadas, os beliscões lúbricos da rapazio.
Paulo fugiu à multidão e seguiu, ruminando idéias extravagantes, incerto da seu destino naquela noite. Achou-se, com surpresa, parado junto à escada, a olhar para a varanda. Teve um movimento de repulsa, raspando a asfalto com a guarda-chuva. "Agora espero. Quero vê-la sair. Hei de ver quem é a sujeita."
Passou-lhe pela mente a figura da Junqueira; depois desenhou-se a do Messias, d'olhos finos, em dois talhos, as pés enormes, esparrimados. Ele falara