vagarosamente a porta.
A noite desanuviara-se. A lua, num recorte esguio, luzia no céu ponteado de estrelas.
— Vamos ter amanhã um dia magnífico! - disse alguém tocando-lhe no ombro; voltou-se e viu Narciso todo atrapalhado com um embrulho e o capote.
— Oh!... boa noite. É verdade.
— Esteve na Recreio?
— Um instante.
— Um casão, com certeza?
— À cunha!
— Pudera!
Já à porta, perguntou risonho:
— E os versos do Aurélio... Que tais? Não foram distribuídos?
— Sim, espalharam uns versos; um soneto, creio... Mas a assinatura é doutro.
— História! São da Aurélio. Fê-los ontem, depois da jantar, a pedido do Messias. Um tipo! Bem, boa noite.
Paulo não conteve o riso, lembrando-se da revolta do poeta. Ficou um momento à porta olhando o céu. Súbito meteu-se num tílburi, que estacionava junto ao passeio e mandou tocar para a Lapa.
Uma densa multidão esgorjou da Rua do Espírito Santo espraiando-se no largo - era a gente que saía do Recreio. O cocheiro teve de suster o animal para deixar passar o povo e Paulo, olhando a turba que se espalhava, com uma pressa de fuga, via apenas um vulto que se afastava