— Pois sim, à noite. Hoje, por exemplo. Por que não vais hoje?
Ela pensou um momento, mordicando o lábio. Por fim disse:
— Pois sim. Hoje à noite.
— Eu previno-a para que ela não sofra um choque. Porque ainda não sabe que te encontrei.
— Ah! não?
— Não.
— Coitada!
— Às sete horas...
— Às sete, não; é muito cedo. Às oito e meia.
— Pois sim. Mas não faltes.
— Não falto.
— Então até logo.
— Até logo.
Acompanhou-o à escada. Ainda de baixo ele insistiu:
— Olha lá!
— Não falto.
Na rua, Paulo respirou desafogadamente como se houvesse escapado a um perigo e, cheio ainda da volúpia que lhe inoculara aquele ambiente, deteve-se na calçada sem ânimo de partir, como se uma força misteriosa o prendesse, o atraísse, o arrastasse, solicitando-o para o amor.
Por que teria ela insistido em mostrar-lhe o quarto com tanto despudor? por simples vaidade ostentosa ou para martirizá-lo vingando-se, com uma tortura sensual, de tudo quando ele lhe fizera: