da cozinha, onde rolava em crises furiosas, escabujando, lutando com as larvas que os seus olhos assombrados descobriam.
Quando Paulo entrou, ao cair da tarde, Dona Júlia insistiu na necessidade de despedir Felícia. Não era prudente tê-la em casa naquele estado. Estava ficando furiosa.
— Hoje não me lembrei do anúncio. Também, com o dia que tive... Amanhã.
— Tu compreendes... eu sozinha em casa com uma doida.
— Sim, tem razão. Fique tranqüila, amanhã arranjo uma criada.
Jantaram. Felícia servia carrancuda, resmungando. Ia até à porta, retrocedia olhando airadamente, murmurando, às vezes rindo.
— Vai, Felícia.
— Uê! Então vosmecê pensa? É assim mesmo. Eles derrubam tudo, derrubam, mas a minha casa é sagrada. Curvou-se, traçou uma cruz na soalho. - Eu não... aqui ninguém bole! Uê!
Lá ia, a dar de ombros, chuchando muxoxos. Rompia a cantar, sapateando diante da fogão. Era necessária chamá-la. Paulo repreendeu-a:
— Que é isto, Felícia? Tu estás doida!
— Doida! Vá falando, vá falando. Vosmecê nem sabe. Eu não... Meu filho é meu filho. Quem foi que me deu ele? Olhe... - mostrava o céu. - Está lá em cima, foi Nosso Senhor. Quem foi que