no rosto escaveirada; e concluiu:
— Mãe é uma só. Eu vou fazer o meu serviço, mas não bulam comigo que eu não bulo com ninguém.
Deu alguns passos e retrocedeu:
— Vosmecê olhe e há de ver; eu vou para o meu serviço, daqui a pouco a cozinha está cheia. Não me deixam fazer nada. Vosmecê fique olhando.
E, arrepanhando as molambos, foi-se. Depois dum silêncio Dona Júlia murmurou:
— É tudo, meu Deus! Uma rapariga tão boa...! Eu é que sou a infeliz. Chego, às vezes, a pensar que espalho desgraças. É o meu caiporismo. Até parece coisa feita. Enfim, há de ser o que Deus quiser.
Vendo o filho encostado à cômoda, pensativo, disse-lhe:
— Vai, tens que fazer. Não te prendas por minha causa.
— E a senhora?
— Não te incomodes comigo.
Ele ainda hesitou. Ela insistiu:
— Vai.
— Então eu vou, porque tenho mesmo que fazer e volto cedo.
— Pois sim. Fecha a porta e leva a chave.
— E se vier alguém?
— Quem vem aqui?
— Quer alguma coisa lá de baixo?
— Não.
— Então até já.
Sentia necessidade de ar, de movimento. A casa, cada vez mais triste, sempre a ecoar esconjuros e lamentações da louca, tornava-se-lhe insuportável.