está de cama e creio que, infelizmente, não se levanta mais.
— Está assim?
— Perdida!
— De quê!
— Coração.
Houve um silêncio. Paulo fitava-a, acariciando-lhe a mão.
— A questão é sair daqui.
— Por causa dos trastes?
— Os trastes são dele; mas a minha roupa, o que é meu. O senhorio, com certeza, não me deixa tirar. Mamede está devendo tanto!
— Isso é simples: vais ao senhorio, dizes que retiras apenas o que é teu, dás-lhe algum dinheiro, se ele exigir.
— Era bom que eu tivesse!...
— Tenho eu. Quanto queres?
— Sei lá!
— Chegam cem mil-réis?
— Acho que sim.
— Pois toma.
Deu-lhe o dinheiro escolhendo vagarosamente no maço, entre as notas grandes, duas de cinqüenta.
— E agora é tratar de arrumar as coisas e sair. Já devias ter feito isto. Mamede é um bom rapaz, mas não te serve. Levantou-se.
— Bem, vou para casa; deixei mamãe só. E olha que fico à tua espera. Vê lá. Não vás fazer alguma.
Ela respondeu, sem levantar os olhos:
— Já disse que vou.
— A que horas?