sala; sentia empurrarem a porta do quarto; levantava vivamente a cabeça, atento.
— Que medo tolo!
— Não é medo.
— Então que é?
— Sei lá.
Falaram de Mamede: ela, pedindo que se acautelasse contra o mulato, que estava preparando alguma; ele, sempre indiferente, não ligando importância. Que havia ele de fazer? Se o ameaçasse, dava queixa à polícia e estava tudo acabado.
— Sim, mas ninguém se defende de uma traição.
— Qual traição! Mamede o que quer é dinheiro para jogar. Pensas que ele tem saudade de ti? Pois sim. Quem quer bem não faz o que ele fazia. Histórias!
— Eu não digo que ele me queira bem, nem que se vingue por amizade, mas por capricho é capaz de tudo, eu sei.
— Pois que venha!
— Eu aviso para que o senhor se previna. Quem anda avisado vale por dois. Ele não é bom, isso não é. Eu sei por que falo.
— Pois sim, mas deixemos Mamede; — e, lânguido, passou-lhe o braço por baixo da cabeça, atraindo-a.
Pela madrugada, voltando ao seu quarto, Paulo percebeu que a mãe estava acordada — sentia-a mexer-se na cama, voltar-se, arquejar na aflição. Esteve