— Até amanhã.
— Até amanhã. - E, ao entrar no carro: Linda noite, hem?
— É verdade.
O homem fizera sensação. Quando, depois do café, de novo reuniram-se para a vigília, Violante tomou-se o alvo de todas as atenções.
Sentada no sofá, muito quieta, mal respondendo às palavras do irmão, que referia pormenores tristes, de quando em quando suspirava. As duas mulheres, muito juntas, cochichavam.
Mamede passeava ao longo da sala, parando de instante a instante junto à mesa para espevitar uma das velas ou arranjar uma dobra do vestido da finada. A rua caíra em silêncio, o próprio mar parecia dormir.
Na pequena sala, nublada de fumo, tresandando a cera, o calor sufocava. Mamede ousou propor abrir uma janela.
— Não é melhor?
Paulo consultou a irmã.
— Que achas?
Ela encolheu os ombros:
— Se quiserem...
Logo o mulato escancarou as janelas. Uma lufada de ar entrou curvando as compridas chamas das velas e enfiou pelo corredor levando papéis esparsos.
Dentro uma porta bateu com estrondo.