fanadas e do cheiro aborrecido das velas de cera. O homem despediu-se dela à porta do coupé que partiu. A mulata ficou a remorder-se de fúria, abriu a janela e explodiu:
— Grosseirona! Quem sabe se eu sou criada! Uma vagabunda e tão cheia de empáfia. Comigo não!
A vizinha apareceu à janela e a mulata desabafou:
— A senhora já viu? A tal sujeitinha. .. Nem para agradecer o que fiz pela mãe... como se eu tivesse obrigação.
— Já foi?
— Já, com o amigo.
— Ah! minha senhora, essa gente... Enquanto está por cima é assim: presunção até o diabo dizer basta! Mas também dura pouco. Eu é que nunca fui orgulhosa.
Calou-se, como recolhida às recordações do seu tempo de fastígio. De repente, tomando ao acaso:
— E a senhora pensa que ela sentiu alguma coisa? tudo fingimento.
— Isso sei eu... Pois não vi?!
— A pobre da velha é que se foi, coitada!
— Ora, antes assim... Está com Deus.
Depois de um silêncio a vizinha, lançando os olhos ao céu azul, ao mar luminoso, disse extasiada:
— E foi com um dia lindo!
— Muito bonito!
Calaram-se, d'olhos alongados, contemplando o mar azul palhetado de sol. Foi a mulata que interrompeu o êxtase: