não falo, porque lá não ponho mais os pés.
— Então não te formas?
— Eu? Eu, não! Mas não sei como há de ser. Como poderei cuidar das minhas obrigações tendo de andar por aí à procura de Violante? Não sei.
— Ela há de aparecer. Tenho fé em Deus.
— Vá esperando.
— Por que falas assim?! Nem parece que é tua irmã. Deixa lá, é sina de cada um.
— Ah! É sina de cada um. Pois sim...!
— É, meu filho: é sina de cada um.
Com tais palavras, para evitar as recriminações de Paulo, que não suportava "superstições e crendices", foi-se do quarto, arrastando os passos.
Locomotivas silvavam manobrando, os galos amiudavam nos quintais vizinhos. Era a madrugada. Paulo começou a despir-se, atirando a roupa desordenadamente. As artérias das têmporas latejavam-lhe túrgidas, sentia um grande peso no cérebro. Apagou o gás e, no escuro. sentado à beira da cama, com os pés nus roçando o soalho frio, pôs-se a arrepelar os cabelos e viu, na sombra, vagamente, a cena da fuga: a irmã, de preto, com o embrulho das jóias, a caminhar cautelosa, surdamente e desaparecer diluindo-se como uma névoa.
Deitou-se, cobriu-se, não tinha sono. E pensava: Onde iria? Como encontrá-la? Chegou-se mais à parede e, d'olhos fechados, meditava quando ouviu os arrancados soluços de Dona