tinham-se visto, erguidas e entrechocando-se, uma foice e uma lança. E então, baixando a voz, contava como nos condados que atravessava, os homens se juntavam de noite numa floresta e tramavam o fim da servidão.
Cristóvão recolhia ao castelo pensativo. E todas aquelas torres, aquelas muralhas lhe pareciam de um aspecto cruel e hostil ao pobre. Por que não haveria para todos a mesma lareira, o mesmo pão? Aqueles tesouros, que ele guardava na torre, seriam a abundância para criancinhas sobre toda a terra. Para que eram tantas armas? Os homens não se deviam combater, mas somente abraçar, em concórdia.
Um dia que ele assim pensava, sentado à beira dos fossos, um velho veio a passar, um dos servos do castelo, picando o seu burro carregado de erva. Parecia ter pressa, e no seu olhar havia como uma inquietação. Ao ver Cristóvão, parou dizendo: “Novas más, novas más!” E como Cristóvão arregalava os olhos simples, o servo contou que no mercado, de onde viera, corria entre a gente que um bando de servos se levantara, num domínio, além, para trás das colinas, tendo por brado: “Morte aos castelos!” Outros servos se tinham juntado, com chuços. Toda a terra parecia em revolta. E já dois castelos tinham sido atacados, as damas mortas, as crianças mortas, e agora as duas torres ardiam sobre a colina. E, sem