— Anda gente má pelos campos: é necessário levantar a ponte.
O intendente sorriu, encolheu os ombros – e nessa noite fez rir as damas, contando os terrores do gigante. Cristóvão, porém, não dormia. No alto da torre da almenara, toda a noite espreitou as terras em redor. Ao longe, sobre uma colina, havia como fogos de um acampamento, mas nenhum rumor se ouvia, senão o cantar dos sapos na planície. Quando a alvorada veio, Cristóvão desceu: - e indo às abegoarias, escolheu duas trancas enormes de ferro, que serviam para trancar as portas, agora desusadas. Depois a sineta tocou à missa no ar fino. O arquivista veio sentar-se entre os in-fólios, e as damas distribuíam o trabalho às fiandeiras e às servas. E todo o castelo repousava na santa paz do domingo – quando um pajem, que nas ameias fazia uma armadilha aos pássaros, soltou um grito que acordou os arqueiros, adormecidos na sua guarita de pedra. Logo um som de buzina, um grande apelo de alarme ressoou. Todos os pajens correram às ameias. As damas apareceram por trás das vidraças do balcão. E os cozinheiros saíam aos pátios, com as suas caçarolas na mão.
Bem depressa correu o grito que um bando armado avançava sobre o castelo. Os pajens correram, em confusão, à sala de armas, a tomar espadas, lanças. Os guardas trancavam as portas,