qual deles vergaria a mão do outro. E diante daqueles cavaleiros, por humildade, Cristóvão cedeu, e deixou que a mão cabeluda do príncipe vergasse a sua. Os cavaleiros aclamavam o Senhor. E o príncipe, radiante, despejou a sua bolsa cheia de ouro nas mãos de Cristóvão, isentou a barraca do saltimbanco de todos os impostos ao corregedor, e mandou, de noite, moços da cozinha com tochas, trazer uma perna de veado e empadões de sua mesa.
Toda a noite, os saltimbancos, partindo o dinheiro, dava a sua metade a Cristóvão – que ele guardava numa cova, a um canto da barraca, coberto com uma mó de moinho. Depois ia pela feira solitário, e todo o serviço era ele que o fazia. Carregava as barricas de vinho, descarregava os fardos, limpava o chão das barracas, e, à porta das cozinhas, fazia a lavagem dos pratos de estanho.
Mas o fim da feira chegara, e uma noite, em que sentia o barulho das barracas que se desmanchavam, o saltimbanco contou os seus ganhos – e as lágrimas bailaram-lhe na face, porque para sempre estava ao abrigo da miséria. Então Cristóvão desenterrou o seu tesouro e, em silêncio, veio juntá-lo ao dinheiro do saltimbanco, murmurando: “É para a criança”. Duas moedas de cobre tinham rolado no chão. Cristóvão apanhou-as, beijou-as como uma