uma lagoa: lutara, às pedradas, contra as hienas; uma planície de sais, grossos e cortantes, retalhara-lhe os pés; marchando sob o sol, chorava de sede, contente de chorar porque bebia as lágrimas... E sob estas angústias e terrores da carne, a sua alma resplandecia, certa de que cada sofrimento era um degrau subido na longa escadaria do Céu. Por fim, uma madrugada, avistara aquelas palmeiras ramalhando ao vento, e a mimosa em flor, e no alto, aberta, como se o esperasse, a caverna.
Com que felicidade a visitara, e toda a serra de rocha em rocha, e a fonte clara e fria que cantava no vale, e os arbustos que a ensombravam! Oh maravilhosa granja, em que era escravo, para viver sozinho com o seu Senhor! Todo esse dia cantara cânticos de Graça. E desde que ali habitava – já três vezes a mimosa se cobrira de flores!
Assim rememorava Onofre agora, cada dia, o seu passado piedoso. E sempre emergia desta meditação com um contentamento maior, mais vivo, pela sublime obra que empreendera.
Ela era magnífica e rara entre os homens. Os monges de Tebane, de Cétis, da Nítria, do lago Maria, viviam nas doçuras da comunidade, e viam girar, no alto das colinas, os moinhos que lhe moíam a farinha, e se as febres os assaltavam, o irmão sabedor das artes médicas corria com o seu frasco de óleo e o molho de