anho, que lhe balava entre os braços. Todo o cabelo lhe ficara crestado das queimaduras; das pernas ficou para sempre coxeando.
Depois do seu espanto, o povo acusou do incêndio os judeus e os cristãos. Os mais pobres, que não pagavam ao templo de Artemis um tributo secreto, para evitar as perseguições, foram carregados de algemas, arremessados aos ergástulos; Onofre, que por miserável não fora perseguido, percorreu as prisões consolando os irmãos, ajoelhando através das grades: – e na manhã em que eles foram açoitados defronte dos pórticos da Basílica, ele, meio nu, em face aos flageladores, não cessou de cantar hinos, vergastando o seu corpo miserável, e ainda cheio de queimaduras, com disciplinas de ferro.
Impelidos pelo velho gramático Flaco, alguns mais furiosos assaltavam com pedras Onofre, que injuriava a majestade da Lei. E decerto ia ser lapidado e martirizado, junto a uma casa em obras, onde se refugiara – quando uma grande chuva, tempestuosa e brusca, dispersou a turba praguejadora. Foi a água do céu que lavou as feridas de Onofre.
A Assembleia dos Fiéis era junto ao Mercado do Peixe, num terceiro andar de uma casa velha, ao fundo de um terraço de onde não passavam os catecúmenos, ainda não iniciados no Mistério dos Sacramentos, ou que estavam cumprindo penitência por culpas confessadas em segredo