fazem coisas reais e vivas. Se Gil nascesse torto ou mudo?... Então
D. Tareja ia escondidamente à capela fazer promessas à Senhora da Boa Saúde – e D.
Rui reclamava do capelão que mais uma vez percorresse o Tombo do seu solar, para ver se jamais, varão da sua raça, nascera com algum defeito. Mas a certeza que todos os seus avoengos, desde os godos, eram robustos, e de belo porte, não calmava a sua inquietação: – e tendo uma manhã avistado uma gralha que pousara no rebordo do seu aposento, o que poderia tornar o menino gago – de tanta angústia se tomou, que os maus humores se lhe extravasaram, e amarelo como uma cidra, jazeu uma semana no seu vasto leito, entregue às drogas do Mestre Álvaro Porcalho, ó bom físico que viera à pressa de Viseu, montado na sua mula. Por conselho dele, D. Tareja nunca mais tocou água fria, e só bebeu caldos de cobra. Mas uma ansiedade maior entrou na alma do bom Senhor – porque Mestre Porcalho, depois de bem examinar o interior das pálpebras de D. Tareja, e certas sardas que tinha na testa, abanava a cabeça, gravemente, e não podia afirmar que a criança fosse um varão! Decerto o bom Senhor amaria uma menina que viesse, com as suas frágeis graças, e a sua doçura, alegrar a severidade fria da sua vivenda. Mas com quanto mais amor, e orgulho, e tranquilidade juntamente, ele receberia