meu: – e um mês passara, já os arcos de buxo erguidos nas alegres festas do Nascimento estavam murchos, já D. Tareja, purificada e de novo corada e ágil, fazia tilintar as suas chaves pelo corredor do solar – e ainda Gil não chorara. Uma gota de leite do peito cheio da ama, bastava para o adormecer docemente: – e acordado, os seus olhos negros, largos, rutilantes, constantemente procuravam, seguiam, ou as réstias de sol, ou o brilho de um jarro de estanho, ou as cores mais vivas de um véu. Vindo a cada instante em pontas de pés entreabrir as cortinas do berço, o bom Senhor não esquecia nenhuma das práticas que concorrem a tornar a criança perfeita. Para que ele tivesse uma voz forte e bela, esfregava-lhe a boquinha com uma velha moeda de ouro. Ele mesmo desfizera sal virgem em água tirada da fonte ao nascer do Sol, que faz com que o cabelo das crianças nasça encaracolado e basto. Para que ele tivesse força, trouxe uma antiga espada do seu avô D. Fruias, e pousou-a entre as mãozinhas de Gil: – e para que, à força do corpo, se juntasse a força da alma, três domingos a seguir o capelão veio ler sobre o berço o Evangelho dos três Reis.
Pelo baptizado foram celebradas grandes festas. O padrinho foi D. Mendo, um parente de Mortágua – a madrinha Nossa Senhora da Saúde: e no caminho para a igreja, juncado de rosas e erva-doce, ao lado de D. Mendo,