e, sentado no peitoril de pedra, olhava as estrelas, pensativamente, ou a Lua.
Certas noites, mesmo, saía para o pátio, onde a lentidão pensativa dos seus passos traia algum cuidado muito fundo da sua alma: – e a mãe, que, deixando escorregar a tapeçaria, o ia espreitar, entre os vidros, sentia-o por vezes suspirar e com suspiros que não eram tristes. Os seus livros jaziam na torre fechados e cobertos de pó. E a sua ocupação, era antes percorrer o jardim, onde por vezes apanhava um botão de rosa que guardava no seio do gibão.
Quis então aprender a viola e o canto, como se as coisas vagas e sem nome, que lhe tumultuavam na alma, só pudessem ser traduzidas pela doçura do tanger, e do trovar. E agora, muitas noites, quando todo o solar dormia, e dormia o rio e o vale, e na terra se não via luz, além da lâmpada que ardia no cruzeiro da velha ponte romana, Gil, à janela do seu quarto, soltava, no silêncio e na escuridão suave, uma doce vibração de cordas, e um murmúrio de endecha, em que vagamente cantava de uma selva, de uma fonte clara, e da alma que lá lhe ficara.
Era com eleito para uma selva frondosa, a uma nascente de água viva, que todos os dias, à hora da sesta, ele voltava o galope do seu alazão aragonês. Ficava esse doce sítio no fundo de um vale, de onde nada se via, de entre o arvoredo que o cercava, senão o grande azul do céu benéfico.