por escudeiro, se jamais partisse a correr mundo, como cavaleiro andante.
O seu desejo, agora que era destro em todos os exercícios das armas, era ser armado cavaleiro. E como D. Rui lhe prometera essa honra para quando tivesse vinte anos, e apenas faltavam duas semanas de Agosto, logo se começou a preparar a grande festa – e se armaram arcos de buxo desde o solar até à igreja do mosteiro, onde D. Gil devia velar as armas. Nessa noite por toda a aldeia, junto do velho solar e no terreno do convento, se acenderam pipas de alcatrão e fogueiras, onde o povo dançou, em grande ruído, ao som de violas e doçainas.
Um velho parente, D. Soeiro, Senhor de Tondela, que comandava trinta lanças, e tinha voz em três castelos, veio, com linda comitiva, dar a pranchada em D. Gil.
No terreiro do solar, duas vacas inteiras assavam em espetos maiores que lanças. Das pipas, juntas em cima dos carros e toldadas de louros, o vinho corria como de fontes públicas. O clangor das longas festivas misturava-se aos cantos dos jograis. E quando pela tarde se baixou a levadiça, e D. Gil, todo armado, seguido de homens de armas, de escudeiros, de moços de monte, saiu ao terreiro, e empinando o ginete, brandiu três vezes a lança – todos os sinos repicaram, bandos de pombas soltas branquearam