que deixava já transparecer o brilho de um dente. Começaram então a aparecer, voando, por sobre os legumes da horta, borboletas de cores prodigiosas, como o lenhador nunca vira. Uma roseira seca havia um ano, e que tinha apenas o tronco mirrado, rebentou em grandes rosas que perfumavam todo o ar. Os melros que ali acudiam, fazendo um canto incessante e festivo, emudeciam quando a enorme criança dormia, com seus grossos punhos fechados. A mimosa, todas as árvores em redor, vieram estendendo as suas ramarias, como toldos de abrigo, para o lado onde se estendia o mantéu. E um dia a mãe, entreabrindo a porta do eido, avistou, espantada, um enorme veado, que por cima da sebe, com os altos paus entre a folhagem, contemplava Cristóvão, com a gravidade de um avô.
Era então tão pesado que a boa mulher vergava, mal o podia transportar da porta para o berço. E todavia tinha só seis meses. A moleira que parava, com o seu jumentinho carregado de sacos, diante da cabana, para o ver, pasmava das suas cores vermelhas, da sua força, dos seus membros perfeitos e daquele sossego em que permanecia, todo um longo dia de verão, sentado, cravando na mesma pedra ou no mesmo ramo os seus olhos azulados, sem brilho e sem vida. E ela via nesta transformação um milagre de Santa Ana.