havia uma graça altiva, como a de um príncipe em plena felicidade. Os seus modos eram tão doces e corteses, que logo prendiam as almas.
Nenhuma pessoa, por mais humilde, o saudava, sem que ele gravemente erguesse o seu gorro de fidalgo: e nos caminhos estreitos encostava-se às sebes, para deixar passar os velhos, ainda que fossem mendigos. Ainda que naquela farta e quieta aldeia não havia pobreza, a sua escarcela saía cheia, e voltava sempre vazia. Amava todos os animais –e as crianças faziam-no parar, sorrindo, enternecido.
Com esta cordura de monge, tinha todas as prendas de um cavaleiro. Ninguém justava, jogava o tavolado, domava um potro bravo, erguia uma barra de ferro, com mais força e primor.
Nada temia – nem os homens, por mais fortes, nem as feras por mais bravias, nem os duendes por mais malignos. Mas na casa de seu pai era obediente como uma criança – e era ele quem servia o velho, o ajudava a erguer da sua cadeira, e mesmo lhe penteava os seus cabelos brancos. Um olhar de sua mãe era para ele como um man-damento divino – e com tanta devoção lhe beijava a mão, que outra maior não tinha com a Mãe do Céu.
Nunca sua alma, branca como a água mais pura, fora toldada pela passagem de um pensamento injusto ou impuro. A Justiça era para ele