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esbaforidos, com grandes flocos de espuma caindo dos freios das mulas, estavam em frente de uma vasta planície, deserta, nua, como varrida por um grande vento de assolação e de morte: – e, por cima, o Sol faiscava furiosamente. D. Gil murmurou: «Deus da Boa Viagem nos valha!» Desde a véspera, em que numa choça deserta uma velha lhes dera, rosnando e praguejando, um pedaço de chouriço e uma malga de vinho, nada tinham comido: já a sede os atormentava e na infinita planície não havia caminho marcado... Que fazer?

– É andar, senhor meu amo – aconselhou Pêro Malho. – Devagar e a direito, e cantando, para espairecer.

E o alegre escudeiro tomou a sua viola de duas cordas, e começou um longo canto mourisco, dolente e dormente – enquanto, a passo, sacudindo a espuma dos freios, as duas mulas arremetiam através do descampado ardente. Nem um galho de tojo seco, nem uma lâmina de piteira, surgiam naquele vasto deserto, chato, onde a terra estalava toda em fendas, sob as patas das mulas. Longos sulcos tortuosos marcavam por vezes os riachos secos. E a única nota viva era o zumbir de grandes moscardos.

Com os pés caídos fora dos estribos, as abas dos sombreiros descaídas sobre a face, as rédeas abandonadas, D. Gil sentia amolecer,