o canto, o suor pingava da sua face pálida, o pó branquejava ás pregas do seu brial, e com os olhos meio cerrados, do cinto da dama vinha a pensar no corpo airoso que ele cingia.
Por que não encontraria ele, na sua jornada, um fresco laranjal assim povoado? A viola fazia dlin-dlin-dlon. A terra seca esfarelava-se sob as patas das mulas. E assim seguiam, por aquele ermo do Reino de Leão, sob o grande sol de Agosto, o Senhor D. Gil e o seu escudeiro, nas suas mulas cansadas, cobertos de pó, cheios de sede, ao som dormente e áspero da viola mourisca.
Um cismando, outro cantando, entre aquela radiação de luz que os ofuscava como uma névoa de ouro fosco, não tinham os dois cavaleiros reparado que a terra, por onde caminhavam, se ia elevando em colina, docemente. Mas, de repente, um ar mais fresco, onde errava um aroma de verdura, bateu na face do Senhor D. Gil. Despertando daquele tanger que o entorpecia, estacou a sua boa mula. Estavam no cimo de um outeiro: – e em baixo, num vale, cavado e fundo, verdejava um grande bosque, e tremia como um brilho de água.
Com que ansiedade tangeram as mulas! E com que consolo, com que largo suspirar, penetraram sob folhagens e sombras! Era um belo arvoredo, de troncos espaçados, já velhos, onde se prendia, tapando o sol, uma longa