sopa do seu homem, quem trataria daquele pobre monstro, que nem sabia enfiar o seu gibão? Um grande soluço sacudia o seu peito magro: - e o lenhador despertando, estremunhado, arranjava a manta que cobria o catre, ou ia remexer nas brasas da lenha.
Uma noite, em que havia um grande silêncio no arvoredo e no ar, porque caía a neve, ela sentiu um grande frio que lhe passava no rosto, e através do desmaio que a tomava, estendeu a mão, apalpando para dizer para sempre adeus ao seu homem. E os seus olhos vagos e lentos encontraram então os olhos do seu Cristóvão, que se erguera, embrulhado numa pele de cabra, e estava aos pés do catre, atento, e como esperando, num espanto. Moveu os lábios para lhe pedir que se deitassem se agasalhasse, mas só pôde suspirar, desfalecida... E pareceu-lhe que, diante, o seu filho começava a crescer visivelmente; já os seus cabelos ruivos tocavam o teto da cabana; o colmo esgarçou, e, através da abertura, Cristóvão crescia para o céu mais alto que os pinheiros, já com a face perdida entre os flocos de neve; e tão feio e monstruoso que as estrelas fugiam pelo ar, como almas assustadas. Deu um grito. O pobre lenhador despertou, debruçando logo sobre ela, a tremer. A sua companheira parecia adormecida. Então Cristóvão veio lentamente em torno do catre, e pondo as mãos, de leve, sobre os cabelos que um suor umedecia, gritou:
— Ó mãezinha, mãezinha,