e voltava-lhe à lembrança o que ouvira ao padre-mestre, dos anjos que desciam à Terra, se misturavam às ocupações humanas. Ia então colocar-se no caminho em que ele passava. E um dia que os caminhos estavam alagados pela chuva, Cristóvão ofereceu-se para o passar ao colo. Desde então procurava maneiras de o servir. Nos dias de calor, tinha para ele a bilha de água mais fresca; e nos dias de frios, fazia depressa no pátio um fogo de rama, para ele aquecer os pés úmidos antes e subir aos claustros. Por fim, como o Inverno se avizinhasse, com os crepúsculos mais escuros, Cristóvão seguia-o na sua volta à aldeia, para o proteger dos lobisomens, ou dos maus encontros: e quando vieram as chuvas, ofereceu-se para o levar às costas, como um macho, até a porta da sua morada. Então pelo caminho conversavam baixo: Cristóvão contava os seus trabalhos no convento, o moço dizia os seus desejos de ser militar, conhecer o mundo, percorrer as cidades. Seu pai era o regedor das terras e destinava-o para padre; mas ele queria casar com uma prima chamada Etelvina, que morava ao pé do castelo, para além do Pego das Dunas. E um dia que assim conversava, o moço contou a Cristóvão que às vezes ia encontrar essa rapariga, longe, à orla de um bosque; mas temia que a surpreendessem os arqueiros do pai, que rondavam os campos, ou o servos do castelo