Para que um nariz seja perfeito, é preciso que a sua altura seja igual á altura da fronte; perto da raiz, deve haver uma pequena depressão; a ponta não deve ser carnuda, mas afilada; o contorno inferior deve ser de desenho correcto e preciso, nem muito agudo, nem muito obtuso; de perfil, a parte inferior deve ter um comprimento rigorosamente igual á terça parte da altura total; e, em cima, a largura, dos lados dos olhos, deve ser de meia pollegada. A precisão destas regras mostra quanto para os artistas é importante o nariz, como parte da belleza. Mas não é verdade que ha realmente narizes encantadores, mesmo quando não obedecem a essas regras formaes? Ha narizinhos arrebitados, por exemplo, que, com o seu ar de insolente e provocante petulancia, nos parecem mais bellos do que o nariz impeccavel da Venus Anadyómena do Museu do Vaticano. Por tudo isto, não se comprehende que o nariz não tenha seduzido a inspiração dos nossos poetas. Houve um, que quiz rehabilital-o: foi Bernardo Guimarães. Mas não conseguiu manter a inspiração no seu poema:
“Cantem outros os olhos, os cabellos
E mil cousas gentis
Das bellas suas; eu, da minha amada,
Cantar quero o nariz.
Não sei que fado misero e mesquinho
E’ este do nariz:
Que poeta nenhum em prosa e verso
Cantal-o jamais quiz.