de bronze, que se offereciam aos deuses, quando delles se queria obter alguma cousa. Os romanos conservaram a figa nas suas tradições sagradas, e transmittiram-na aos modernos italianos, e a todos os povos latinos; e os mahometanos, na Asia e na Africa, usam habitualmente a figa, que representa a mão de Fatima, a filha do Propheta. E’ natural o culto religioso que se dá á mão. A mão é a prodigalizadora dos gestos que abençoam e amaldiçoam; chama e repelle, intima e pede, acaricia e espanca, attrahe e expulsa; é com ella que se pedem e dão as esmolas; e é nella que se dão os mais expressivos beijos de respeito e de amor. E que lindo feitiço tem sido ella para os poetas brasileiros! João Ribeiro diz que ella é um lirio:
A mão, que em gentil desgarro,
Sae do alvo braço, talvez
Lirio de bocal de um jarro
Japonez...
Luiz Delfino diz que ella é o céo e a floresta:
“E’ curva como o céo; tem a frescura
Das luzes matinaes;
Tem a sombra da mata e a doce alvura
Dos linhos matinaes...”
E Alberto de Oliveira, que, alem de ser muito feiticista, é tambem muito pantheista, diz que o dia, em que logrou apertar na sua uma certa mão, foi dia de festa para toda a Natureza: