ços, já vestidos, caiados, com guizos, vieram olhar, pasmados.

A lancha corria. Ergue-se sobre ela outro mar mais forte. — «Está livre! não está livre! Santo Deus! Jesus!» — A onda, quebrando, apanhou-a pela popa, ergueu-a, balouçou-a, e por um momento viu-se apenas, na espuma, a vela oscilar, com a lenta palpitação da asa de um pássaro que morre.

Na praia as mulheres gritavam, de bruços sobre o chão. Os palhaços empalideciam sob o alvaiade. A sombra da noite caía.

A lancha tinha escapado. Correram todos ao cais, vê-la atracar. Vinha cheia de

água, com a vela molhada até meia altura, os remos partidos. Estivera perdida. O patrão, um velho baixo, seco, de cabeça branca sob um barrete de pele de lontra, atirava para fora a corda da rede. Tinham trazido 10 ou 12 pescadas!

Cada pescada podia valer seis vinténs! E tinha estado perdida, a lancha! E era ao anoitecer, longe de socorro, na água impiedosa!

Ora sabem qual é o imposto que sobre este duro trabalho lança o fisco? — 40 réis por pescada! Não é o antigo dízimo absolutista — é o terço liberal! E assim acaba o romance!

Pode alguém estranhar que as Farpas não contenham nunca uma página dada ao romance, à imaginação. Pois bem — aqui está um conto, com paisagem, passado à beira-mar.