o paraense pode perceber que ele se arredara para chorar.
Com os olhos cheios de lágrimas, que lhe foi impossível conter, o sacerdote entrou na alcova da sala e deu uma volta pelo aposento. De passagem viu no seu berço o filho de Eustáquio, dormindo tranqüilamente. As pancadas incessantes com que os bandidos abalavam a porta da cozinha não perturbavam o sono do inocente.
— Pobre anjinho! disse consigo mesmo.
Antes de deixar a alcova, deparou com uma cruz. Apoiou os cotovelos sobre o móvel em que ela se achava e estas palavras rebentaram-lhe do peito:
— Por que não os salvais, meu Deus?!
E depois:
— Otávio, então desapareceste?!
Ao aproximar-se de novo da mulher de Eustáquio, o padre Jorge teve uma visão desagradável.
Apenas as frestas das janelas davam a fraca claridade que havia no interior da casa. Uma destas frestas projetava no soalho uma zona branca de luz, que ia bater no semblante lívido do cadáver do bandido que o paraense trouxera do roseiral. Aquele rosto, com a boca arregaçada pela última contração da morte, parecia sorrir de escárnio ante as cenas que se passavam na sala!
Desviou os olhos daquilo e, vendo Branca mover apressadamente as pálpebras, o padre pensou que ela queria dizer alguma cousa e abaixou-se para ouvi-la.
— Meu padre, disse ela, eu vou morrer... quero me confessar.