ao seu coração, orvalhou-a com as suas lágrimas, e sufocada pela dor lhe bradou:
— Oh! Minha mãe... minha querida mãe, que foi que vos fez esse homem malvado?
A pobre mulher não pôde retrucar-lhe, fechou os olhos, e parecia que de todo lhe faltava a vida:
Úrsula gritou, pediu socorro, e ao seu pranto doído só teve por eco o pranto de Susana!
Luísa tornou a si dessa penosa e prolongada síncope, porque Deus quis que uma vez ainda ela falasse a sua filha, por isso ela, recobrando um breve alento, mas já com os olhos amortecidos e vidrados, e com a voz pausada e abafada, que a custo se lhe deslocava dos lábios, disse:
— Minha filha querida... minha Úrsula, para que te dei essa vida?! Ah tu que eras o encanto dos meus dias... tu, a alma da minha existência... oh! Meu Deus! Senhor, dai-me sequer poucos dias mais de vida para protegê-la, para ampará-la...
E o pranto doloroso embargou-lhe a voz.
— Oh, não choreis, minha mãe, pelo céu – exclamou a pobre moça aflita por tantas dores. — Oh! Não choreis!
— Se soubesses, minha filha... – ia a dizer a mísera agonizante.
— Tudo sei, minha querida mãe – interrompeu a moça, torcendo as mãos de desespero. Sei tudo, ele diz que me ama, e que o seu amor ninguém desdenha impunemente.
— Ouviste-o em quanto me atormentava pela última vez?
— Oh! Não! – tornou Úrsula – esse homem me horrorizou, e eu fugi dele.