ainda em troco da minha! E caiu sobre o corpo já meio gelado da infeliz mãe.
Luísa de novo abriu os olhos para dar um último adeus à filha de suas adorações, e por um esforço derradeiro, disse-lhe:
— Úrsula, minha filha, teme a cólera de Fernando; mas sobretudo teme e repele seu amor desenfreado e libidinoso.
Meu Deus! Perdoai-me se peco nisto...
Aconselho-te.... que fujas...
Foge... minha ...fi...lha!.. fo...ge!...
Foram suas últimas palavras a custo arrancadas e entrecortadas pela morte.
Então Úrsula, a pobre órfã, ajoelhou aos pés do leito, e volvendo em seus braços o corpo inanimado, com seus lábios, trêmulos de dor, tocou os lábios frios e inertes de sua mãe, tentando, embalde, transmitir ao coração materno o hálito ardente, que a animava.
Mas quando voltou à realidade, quando teve plena consciência de que estava só, e entregue ao rigor da sua sorte, quando pôde acreditar que sua mãe já não existia, então prorrompeu em lágrimas, e estorceu-se pelo chão, e agitou-se como uma possessa, porque as grandes e profundas dores do coração só acham alívio na expansão ilimitada da dor, e na fadiga do corpo e do espírito...
Ao romper do seguinte dia, via-se um cadáver quase sem acompanhamento, que ia ser inumado no cemitério de Santa Cruz.
Era o da infeliz paralítica Luísa B.