— Não chores mais, meu filho, basta. Tua mãe volta amanhã, e te há de trazer muito mel, e um balaio cheio de frutas.
— Enxuguei os olhos e dormi na doce esperança de revê-la; e à noite sonhei que a vira carregada de frutas, como a boa velha me havia dito. Embalde a esperei no outro dia! Porém mãe Susana, que chorava enquanto eu cuidava dos meus brinquedos, sorria-se quando me via, e procurava fazer-me esquecer minha mãe e seus afagos.
Minhas forças eram ainda débeis para compreender toda a extensão da minha desgraça, e por isso as saudades que me ficaram, pouco e pouco, foram-se-me adormecendo no peito.
Eu estava já crescido; mas nunca mais a havia visto; era-nos proibida qualquer entrevista.
Um dia, disseram-me: — Túlio, tua mãe morreu!
Ah! Senhor! Que triste coisa é a escravidão!
Quando minuciosamente me narraram – continuou ele com um acento de íntimo sofrer – todos os tormentos da sua vida, e os últimos tratos, que a levaram à sepultura, sem nunca mais tornar a ver seu filho, sem dizer-lhe um último adeus, gemi de ódio, e confesso-vos que por longo tempo nutri o mais hediondo desejo de vingança. Oh! Eu queria sufocá-lo entre meus braços, queria vê-lo aniquilado a meus pés, queria... Susana, essa boa mãe, arrancou-me do coração tão funesto desejo.
E o pobre Túlio desatou a chorar em desespero; porque era a recordação das desditas de sua mãe!
Tancredo também tinha na alma uma chaga mal cicatrizada, e as dores do negro encontraram eco em seu coração. Tancredo chorou também, e o silêncio da tarde recolheu