que diz que lhe queima os beiços o seu nome? Oh! Não é possível, ele já não a ama! E Úrsula, perdida nestes loucos pensamentos, não atendia ao que em torno de si havia.
O doente tinha adormecido.
Então ela voltou para junto de sua mãe. A pobre senhora, vencida pelo muito sofrer, tinha também adormecido, e a menina, reclinando-se em uma cadeira, procurou, mas embalde, conciliar o sono, que nessa noite parecia obstinado em fugir-lhe.
Em vão deixava cair as pálpebras; em vão tentava arredar os pensamentos do que ouvira, que a mente errava em torno daquele leito, donde ela se destacara; e o coração dizia-lhe que não estava tranquilo. Entretanto, pobre Úrsula, julgava que nunca havia de amar!...
Mais tarde um gemido saiu da câmara do doente; o coração doeu-lhe; porque se tinha esquecido até do remédio do enfermo: levantou-se, pois, correndo, e o foi levar.
A hora tinha já passado, porém o calmante produziu salutar efeito; porque ao retirar-se-lhe a colher dos lábios, o cavaleiro, deslizando um fraco sorriso, estendeu a mão à donzela, e disse-lhe com reconhecimento:
— Ah! Senhora, como sois boa! Quem quer que sejais, aceitai meus sinceros agradecimentos pelo generoso interesse, que mostrais por um infeliz desconhecido.
— Silêncio, – animou-se ela a dizer, corando muito – não vedes que tendes febre? Perdoai-me; mas eu não consinto que faleis.
— Oh! – exclamou ele – Tanta bondade me confunde.