de um primeiro amor, e quando um dia lhe revelei o profundo afeto que me inspirava, conheci que era correspondido, não obstante o ela dizer-me:
— Tancredo, sou pobre, e teu pai se há de opor a semelhante união.
— Ah! – prorrompeu o cavaleiro com azedume mal disfarçado – mulher infame e ambiciosa!
E minha mãe conheceu a afeição que nos ligava, e estremeceu de horror.
— Meu filho, – disse-me um dia, chorando – tu amas Adelaide, eu o tenho adivinhado; porque ao coração de uma mãe nada se oculta. Vais amargurar a tua existência...
Tancredo, meu filho, não cedas a um amor que te pode vir a ser funesto. Adelaide é pobre órfã, e teu pai não consentirá que sejas seu esposo.
Adelaide entrou, sorriu-se para mim, e foi abraçar minha mãe, e eu continuei a conversação.
— Sim, minha querida mãe, amo Adelaide, e seu coração retribui-me, meu pai ama-me, não poderá portanto contrariar a minha primeira inclinação. Não, minha mãe, abençoai primeiro que ele o nosso amor; porque esta há de ser a esposa do vosso filho. Não é verdade, minha Adelaide?
Ela corou de pejo, e redarguiu:
— Tancredo, sou uma pobre órfã, vosso pai...
— Oh! Pelo céu – interrompi-a – pelo céu... Meu pai não tem coração de tigre.
— Ah! Meu filho! – objetou minha pobre mãe com voz tão trêmula que semelhou um choro amargo: – Receio...
— Receais!...
— Receio a prepotência de teu pai, e uma oposição tenaz e exorbitante.