— Amo as humilhações, meu filho – disse com brandura, que me tocou as últimas fibras da alma – o mártir do Calvário sofreu mais por amor de nós.
Meus joelhos vergaram instintivamente ante essa mulher de tão sublimes virtudes, e eu disse-lhe:
— Ao menos o sacrifício do filho de Deus não foi inútil, minha mãe, e o vosso?!... Lágrimas e desesperança!...
— Paciência, meu filho, Deus assim o quer!
— Eu tudo ouvi, minha mãe, tudo. – e ajuntando as mãos sobre seus joelhos, que tremiam de aflição, continuei soluçando – Por amor de mim quisestes sacrificar-vos!... E reprimindo o pranto continuei – Meu pai...
— Silêncio! – exclamou ela interrompendo-me – Meu filho, não levantes a voz para acusar aquele que te deu a vida. Adelaide, que estava presente, pálida e abatida, disse com voz grave e melancólica; porém firme, que revelava dignidade:
— Para que repetirem-se estas cenas de humilhação e de pranto, que me magoam? Cessem elas, senhora, para sempre.
E voltando-se para mim, com acento breve; mas trêmulo e amargurado, concluiu: — Tancredo, eu te restituo teus votos.
E depois, com voz mais tocante e mais dolorosa, que me cortou o coração, prosseguiu:
— Agradeço-te, generoso mancebo, o afeto desinteressado, que animou teu coração; mas se me é permitido pedir-te ainda um último favor: – Tancredo, pelo amor do céu não desafies a cólera de teu pai!
— Mulher angélica! – bradei comovido por tão sublime expressão. — Que me pedes? Posso por ventura