que devia estar bastante alterada; porque eu sofria horrivelmente.
Entretanto, depois de minucioso e aturado exame, deixou errar nos lábios um sorriso meio animador, e meio escarnecedor, e disse-me com irônico acento que esmagava:
— Por mais que tenha cogitado, não atinei ainda, meu Tancredo, com o motivo, que te obriga a assim obsequiar-me. Não ousava contar com este favor.
Inclinei-me, e ele prosseguiu:
— Dispunha-me agora mesmo a ir procurar-te; porque tenho notícias de alta importância para comunicar-te.
— Estou às vossas ordens, meu pai – disse-lhe com sequidão.
— Que reserva! – exclamou mordendo os beiços. — Que reserva, Tancredo! Que quer isto dizer? Desconheço-te.
— Senhor... – redargui confuso por aquela interpelação que não esperava.
— Tancredo! – bradou com voz de trovão. — Vens por acaso questionar comigo? Também tu!... – E sorriu-se com desdém, e depois continuou: — De há muito que conheço que o amor que me dedicas não excede aos limites que te impõe a sociedade, e a decência. Bem; nem outra coisa podia esperar: entretanto para provar-te o meu desvelo, não hei poupado fadigas, nem desdenhado meios para oferecer-te um lugar distinto entre os homens.
— Meu pai! – disse-lhe com dignidade – Agradeço-vos os desvelos de que me tendes cercado; mas senhor...