Úrsula deixou descair os olhos para a terra, e reprimiu magoado suspiro por amor de sua mãe.
E um profundo silêncio reinou no quarto da doente; porque cada uma dessas duas mulheres se abandonava a seus pensamentos. Luísa sem dúvida ocupava-se só do porvir de sua filha; esta pelo contrário recordava as doces expressões do cavaleiro, seus votos de amor, e sentia pesar por vê-lo partir. Contudo Úrsula tinha já uma esperança que lhe dava forças para arrostar as dores da vida: amava, e tinha a convicção de ser amada.
E ela meditava na breve mudança da sua vida, e sentia o coração palpitar com estranho desassossego.
Depois o silêncio foi interrompido pelo anúncio da chegada do mancebo.
— Ei-lo – disse a moça a sua mãe, que se tinha imergido em tristes reflexões, e não ouvira pronunciar o nome de seu hóspede – e levantou-se para ir ao seu encontro.
— Úrsula, – exclamou a enferma como quem acordava de um pesado sono – aonde vais?
A moça compreendeu que sua mãe muito sofria, e com meiguice chegou-se a ela e disse-lhe:
— É o nosso hóspede, minha mãe.
— Ah! – exclamou então a infeliz senhora, caindo em si – sejais bem-vindo, senhor. Esperava por vós. E o mancebo transpunha o liminar da porta.
— Perdoai a frieza desta recepção, – continuou – sou uma pobre paralítica; mas a honra, que me fazeis, e que aparentemente mal posso corresponder, ficará gravada profundamente em meu coração. Entrai, senhor.
E Úrsula, trêmula